sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Bolívia

Na Bolívia 600 mil crianças e adolescentes trabalham mais de 40 horas por semana e recebem remunerações menores que se pagaria a um adulto. E mais de 13,5 mil dessas crianças trabalham na mineração tradicional (extração de estanho, prata e zinco) e na exploração de ouro, em La Paz.

Segundo a OIT e Unicef, a saúde dos menores que executam essa forma de trabalho é mais vulnerável e estão exposta a acidentes porque lidam com dinamite, inalam gases tóxicos, pó e partículas minerais, perdem audição pelo o barulho de explosões e perfuradoras, correm o risco de esmagamentos de pé e mão, lesões e etc.
Na mineração de ouro, a lavagem da areia para encontrar ouro ocorre em rios contaminados por sulfetos, mercúrio, lixos e resíduos minerais, ou seja as crianças se expõem a doenças de pele, respiratórias, febre amarela, diarreia e reumatismo.

As crianças são usadas também para roubo de minério, que acontece a noite nas minas

Esse tipo de trabalho (mineração) e a colheita de cana de açúcar são as piores formas de trabalho infantil no país, o governo com o apoio da OIT e outros organismos internacionais, inaugurou o plano de erradicação progressiva do trabalho infantil dirigido as crianças vítimas dessa forma de exploração.



O menino Feliberto, de 9 anos ajuda seu pai a fazer tijolos em Cochabamba. No país crianças abandonam a escola para trabalharem em jornadas extensas de exploração.





Reportagem: Tonico Ferreira (Potosi, Bolívia)


A Bolívia bate um recorde atrás do outro quando o assunto é altura. Potosi, por exemplo, a 4.100 metros acima do nível do mar, é a cidade mais alta do mundo. Fundada há quase 500 anos, prosperou rapidamente na corrida da prata. Foi a cidade mais rica do império espanhol. Chegou a ter 160 mil moradores, superando até Madri, a capital da Espanha.
É um lugar absolutamente impróprio para se fazer uma cidade. A região é árida. O clima é frio e muito seco, e a altitude torna tudo muito mais difícil. Mas Potosi nasceu e cresceu por um único motivo: uma montanha em forma de cone.
Não por acaso a montanha ganhou o nome de Cerro Rico. Lá dentro foi descoberta a maior mina de prata do planeta. A prosperidade durou quase três séculos. Quando a prata começou a rarear, a cidade entrou em decadência. E até hoje luta para se recuperar. Ainda se extrai um pouco de prata e outros metais da montanha. É a única opção de trabalho na região.
Para aguentar a jornada, tabaco, álcool a 96 graus e folhas de coca. Pelo equivalente a R$ 4, os mineiros compram o kit-explosão: dinamite, nitrato de amônia e um detonador. A dinamite é vendida livremente, sem qualquer controle, na cidade de Potosi.
Moisés ainda vai fazer 18 anos. Desde os 11 trabalha nas minas para ajudar a família. O pai dele ficou 32 anos, até não aguentar mais por causa da silicose, uma doença sem cura, que se desenvolve nos pulmões ao longo de anos de inalação de poeiras minerais.
"Não queria que fossem à mina para sofrer como eu. Mas eu não tinha dinheiro para pagar a escola e, com 7 filhos, o que eu poderia fazer?”, diz ele.
Moisés trabalha com dois amigos, Luiz e Juan. Dá para faturar o equivalente a R$ 40 por mês, não mais do que isso. Eles mascam as folhas de coca para não dormir e para não sentir fome. Mas não é só isso: eles também precisam ganhar coragem para enfrentar a solidão lá dentro.
Moisés se consola pensando que um dia vai conseguir arrumar um trabalho melhor em outro país. Luiz e Juan concordam que o melhor para eles é sair da Bolívia, mas o único que tem alguma chance é Juan, porque não precisa ajudar a família e pode juntar o dinheiro que está ganhando na mina.
Os meninos convidam e entramos entra em uma das 280 minas que existem hoje no Cerro Rico. As passagens são estreitas, o ambiente é sufocante, um desconforto total. E tudo o que eles conseguem é um pouco de zinco, estanho, prata e, às vezes, chumbo.
A extração dos minérios é manual, não há máquinas. A única ajuda vem da dinamite. Quando um veio se esgota, os mineiros abrem um novo caminho com explosões. E não há normas rígidas de segurança. É acender o pavio e sair correndo.
Os 20 mil mineiros que exploram a montanha detonam dinamite várias vezes por dia. Por isso, terminar o expediente sem acidentes é um bom motivo para caprichar no agradecimento. E na Bolívia é tradição: toda mina reverencia El Tio, o senhor das trevas. É o diabo, que tem o controle do mundo subterrâneo e precisa ser agradado para proteger os mineiros. E a oferenda também serve para antecipar o pedido de um bom dia para a manhã seguinte.



O livro de " Se me deixam falar" de Moema Viezzer um relato da vida de Domitila Barrios de Chungara, Boliviana, na luta pelo seu povo. A 1ª edição foi em abril de 1978.

A vida dificil do povo que trabalhava na mina do SigloXX em Llallagua na Bolivia, que em 29/10/2008 a Rede Globo -Globo Reporter conta mesma História, porém apresenta que nas minas da Bolivia - Patosi existe o trabalho Infantil.



A média de vida de um trabalhador mineiro de apenas 45 anos. Então, já está totalmente enfermo, com mal da mina. De tanto explodir dinamites para tirar minério, então estas partículas de pó se introduzem nos pulmões através da respiração pela boca e nariz. E os pulmões chega a carcomer e fazer em pedaços o pulmão. E os trabalhadores começam a vomitar sangue. A boca fica negra, roxa. E por fim botam pedaços do pulmão e morrem. Esta é a doença profissional da mina ou silicose.
Além do mais os minérios têm esta desgraça apesar de serem os que mantêm a economia nacional com seu suor e sangue, o que logram ao longo do tempo é o desprezo de todos, pois nos têm horror e pensam que se contagiaram com nossa doença, o que não é verdade. Essa crença existe tanto no campo como na cidade. Muitas pessoas não querem alugar-nos casas porque pensam que o mal de nossos companheiros transpassa as paredes e contagia o vizinho. E Também, como os mineiros mascam a coca para ter ânimo de enfrentar o trabalho, dizem que os mineiros são viciados, são os “Khoya loucos”, os loucos da mina. É sério nosso problema.(Moema Viezzer - Se me deixam falar, Editora Símbolo, pag.29, 5 edição)

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